Homofobia Internalizada
- Samantha Andreazza
- 11 de jul. de 2017
- 2 min de leitura
Definições de preconceito: opinião concebida sem exame critico, sentimento hostil assumido em consequência da generalização. Ou seja, vivemos em uma sociedade preconceituosa e isso não é novidade para a comunidade LGBT. Mas a questão é: à que tipo de problemas e transtornos psicológicos estamos expostos, devido a esta postura da sociedade? Como, de fato, o preconceito atua e influencia na vida das pessoas que fazem parte da comunidade LGBT? De acordo com Herek (1996), uma das consequências mais negativas do preconceito social é a Homofobia Internalizada, que é a internalização, pelo próprio homossexual, das atitudes negativas da sociedade e a incorporação de sentimentos negativos sobre sua autoimagem, o que resultará em uma hostilidade frente à sua própria orientação sexual e condição real.
Segundo alguns estudiosos, mais de 50% dos jovens tiverem rejeição da família quando informaram sua orientação sexual. A falta de apoio, dentro do âmbito familiar, que deveria proporcionar segurança, estabilidade, saúde e carinho, pode formar adultos extremamente inseguros e desajustados, que por sua vez, poderão desenvolver transtornos psicológicos alimentares, como a anorexia ou bulimia, Obesidade, transtornos de humor, como Depressão e Ansiedade, Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno Dismórfico Corporal, Fobia Social, Disfunções Sexuais, além de enormes prejuízos no desenvolvimento de relacionamentos em geral, justamente por não terem vivenciado exemplos de relações saudáveis e de apoio. Não podemos fornecer aquilo que não aprendemos, a não ser que estejamos preparados para uma vida emocional conturbada, na busca de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal, para que sejamos capazes de aprender o que não nos foi ensinado.
Dentre os transtornos citados, a depressão e ansiedade são os sintomas que mais geram sofrimento nos sujeitos LGBT. E na maioria das vezes as pessoas não buscam ajuda, aliás, sequer percebem que poderiam buscar auxilio para reduzir seu sofrimento. Acreditam, inconscientemente, que merecem esta dor por não serem o que deveriam ser. E esta é uma situação que precisa ser questionada, explorada e desmistificada.
Segundo Marina Castañeda (2007): "quando uma pessoa se reconhece homossexual, não existem benefícios visíveis. Ao contrário: abre-se diante dela um futuro isolado e marginalizado que provavelmente trará conflitos com a família e a sociedade. Assumir-se homossexual não parece uma volta ao lar, mas, antes, um exílio". Nós, profissionais, trabalhamos com muito esforço para que a sutileza dessa reflexão seja compreendida: não há porque consentirmos com ou incentivarmos uma sociedade formatada para submeter um ser humano ao exílio emocional, como forma de punição por sua própria natureza.
Samantha Andreazza Rodrigues é psicologa voluntária da ONG Identidade LGBT

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